Segundo a Bíblia, quando o profeta João Batista nasceu, Isabel, sua mãe, mandou acender uma fogueira para que Maria, sua prima, mãe de Jesus, soubesse do acontecimento. Essa era uma forma de comunicação entre as comunidades, já que não havia à época uma população muito grande e os meios de enviar e receber mensagens eram muito precários.
Em comunidades mais antigas da Europa, antes do inverno era comum se realizar as festas da colheita em homenagem a deuses pagãos como Gaia, a Terra, dentre outros. Com a expansão do cristianismo, algumas festas pagãs foram incorporadas ao calendário cristão. Após a conquista do Brasil pelos portugueses, essas comemorações chegaram até nós.
Aqui, o início do inverno e a fartura na colheita acontecem no mês de junho, época em que se homenageiam os santos juninos: Santo Antônio, São João e São Pedro. É nessa época que o povo nordestino celebra, se as chuvas forem propícias, a colheita do milho, do amendoim e do feijão. É esse o motivo de, no Nordeste, o São João ser uma festa que mobiliza milhões de pessoas, a exemplo de Campina Grande, na Paraíba e Caruaru, em Pernambuco e nos interiores da Bahia, como Cruz das Almas, Amargosa, Mata de São João, Cipó, Ribeira do Amparo, cuja festa principal é o São Pedro, e muitos outros.
Com o tempo, as tradições mais antigas de acender a fogueira, preparar comidas deliciosas e deixar as portas abertas para receber os amigos, vizinhos e passantes tem se perdido. Isso ocorre, principalmente, por causa da profissionalização da festa, com atrações contratadas por altos valores, que muitas vezes oneram o orçamento de pequenos municípios, mas não é esse o mérito desse artigo. Vamos ver o que vai acontecer...
A quadrilha, entre nós dançada ao ar livre para homenagear os santos juninos, inicialmente era uma dança de salão de origem francesa.Segundo a pesquisa do também poeta e escritor Mário de Andrade “A quadrilha é comandada por um marcador, que orienta os casais, usando palavras afrancesadas e portuguesas”, como por exemplo anarriê, balancê, dentre outras.
Enfim, São João é a festa da alegria, da fartura, da comunhão, pois no sentido literal da palavra, comungar é “comer com” e nós dividimos o alimento com as pessoas de quem gostamos e respeitamos. Viva o São João e as delícias preparadas para o regalo de nosso paladar: bolo de aipim, canjica, licor, amendoim e tantas outras.
Só para lembrar, vai aí a velha máxima: Se beber não dirija e se dirigir não beba!
Matéria: Niclécia Gama / Imagem: Google imagens